Despedida
Era o momento.
Tinha de se despedir dela. Tinha de lhe dizer um último adeus.
Mas não sabia como. Não sabia como dizer adeus à pessoa que mais tinha contribuído para o que era agora, com 18 anos.
Lembrava-se desde sempre de a ter ao seu lado. De ter os seus conselhos, o seu ombro quando precisava de chorar, o seu carinho quando precisava de um amigo, ou, simplesmente, o seu sorriso. Fazia parte da sua vida. Não podiam pedir-lhe para se despedir.
Queria chorar. Queria expulsar toda a tristeza que guardava dentro dela desde que soubera. Queria arrancar raiva que lhe estava a consumir o coração, que a fazia tremer a cada passo que dava. Mas não conseguia. As lágrimas não saíam. Pareciam não querer aparecer.
Olhou para ela. Estava tão branca. E tinha as mãos entrelaçadas, com costumava ter quando via televisão. Pegou numa rosa, e, com todo o cuidado, foi pô-la junto ao seu corpo. Virou-se, e as lágrimas caíram.
Era um último adeus.
Mas não um adeus definitivo. Porque entre elas haveria sempre uma ligação. Inquebrável. Intemporal. Para sempre.