Casa...
Percorro este passeio a medo. Medo do que vou encontrar. Medo da desilusão de que nada seja igual ao que era. Ao que eu queria que fosse.
Rodo a chave e entro. O cheiro que tão bem conheço invade o meu corpo, fazendo teletransportar-me para um tempo que já não pode voltar; para a minha infância que foi tão feliz aqui, ao lado dela, a minha estrela.
A sala; tantas brincadeiras, tantas gargalhadas que ecoam na minha cabeça ao olhar para o que outrora fora o nosso cantinho do almoço. Agora, está despida, desarranjada, já não tem o teu toque.
A cozinha... já não cheira às tuas fantásticas pizzas ou ao teu salame maravilhoso. A mesa está fechada. Estão apenas 4cadeiras...fomos sempre oito a comer....fomos sempre oito a quem nunca recusaste nada...
O pátio. As corridas, as cadeiras de sol, o pneu com que tanto brincámos.
A nostalgia invade o meu corpo. E as lágrimas ficam por derramar até chegar ao ponto alto da visita.
O teu quarto. Ainda cheira a ti. A tua roupa já não está no guarda-fatos nem as tuas jóis na caixinha da mesinha-de-cabeceira... Mas estão lá. As nossas fotografias, aquelas que guardaste sempre com tanto carinho e dizias tê-las ali, em frente à cama, de modo a dormires a olhar por nós. E as lágrimas caem.
Quero sentir a tua presença. Quero sentir um abraço teu ou até mesmo ouvir a tua voz. Mas há muito que isso deixou de ser possível. Partiste. E esta casa, já não é a "nossa" casa.
Saio. Já não há mais nada a fazer aqui.
Não preciso de chorar mais. Preciso de sorrir. Porque te conheci. Porque vivi contigo aqui.
Porque és para sempre parte de mim.