...
Olhei o espelho. Não era eu.
Não era a menina sorridente, bem-disposta, feliz que todos os dias brindava os amigos e a família com um "adoro-te"...
Era uma pessoa desconhecida para mim. Alguém com uma tristeza espelhada no olhar, com um sorriso prestes a desaparecer... Não me conhecia.
Queria lutar contra isso. Queria mesmo. Mas não tinah forças. De cada vez que tentava erguer o braço para pegar na tesoura, as forças falhavam e a mão voltava a ficar caída, pelo corpo abaixo.
Todos os dias, me pediam para lutar. Par não desistir. Mas não desistir do quê? Da morte que se aproximava a passos largos?
Finalmente, peguei na tesoura e, de um por um, cortei cada fio de cabelo louro que percorria as minahs costas. Um louro encaracolado, com caracóis tão definidos que agora estavam a desaparecer.
E as lágrimas eram tantas e tão poucas.
Tinha cancro. E não sabia viver.