Desistir...
Decidira caminhar. Tinha de encontrar um espaço para pensar.
Não podia ficar sentada à espera que uma resposta lhe caísse do céu. Não sabia o que fazer mas tinha que decidir rapidamente. Fosse qual fosse a sua decisão, tinha de ser tomada rapidamente.
Sempre fora tão feliz. Sempre encarara a vida com um sorriso. Sempre lutara contra tudo e contra todos para alcançar os seus objectivos. Mas agora era diferente. Era a sua vida que estava em causa.
Quando o médico lhe disse que tinha um cancro mamário, o mundo ruiu. Sempre fora saudável, sempre fizera análises regularmente e participava imensas vezes em rastreios. Como é que tinha cancro de mama? Contudo, o pior não era isso; ela tinha de ser operada e, numa linguagem mais tradicional, teriam de lhe retirar quase a totalidade do seu seio.
Beatriz não sabia o que decidir. Não sabia se preferia viver os últimos meses com o seu corpo tal como era, sem sofrer por não ter uma parte tão importante de si, ou se devia por isso de lado e lutar pela vida.
Foi então, que embrenhada nestes seus pensamentos, viu um menino a brincar mesmo à sua frente. Contudo, aquele menino tinha uma particularidade: tinha o cabelo rapado...com certeza, tinha cancro.
Tinha um ar muito frágil, mas parecia-lhe tão feliz. O seu sorriso era do tamanho do mundo.
Ele não tinha desistido da vida dele. Porque havia ela de desistir?